terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Vermelho Rosa Amor

Eu verso assim meu amor
verso com tudo de mim.
Eu verso assim minha flor
verso um amor sem fim.
O amor vermelho da rosa
faz com que minha prosa
seja sempre mais carmesim.

Passam os Pierrots, ficam as Colombinas

Passam Arlequins e Pierrots
ficam algumas colombinas.
Passam os anos, a juventude
ficam as lembranças das meninas.
Passam as freiras, as santas
ficam as putas, as libertinas.

Passam os gritos e os soluços
ficam as raivas e o rancor.
Passam os remédios e as curas
fica a sina e fica a dor.
Passa o histerismo vil
mas permanece o horror.

Passam pedestres e automóveis
ficam as ruas e avenidas.
Passam os homens nas calçadas
ficam histórias de suas vidas.
Passam os caminhos de volta
ficam só os que são de ida.

Passam os dias, os dia-a-dias
ficam esquecidos todos amantes.
Passam os casos e as orgias
ficam os amores mais delirantes.
Passam as bocas mortas e frias
ficam os beijos emocionantes.

Passam as horas, passam os dias
passam as vidas, passam histórias
passam as lutas, passam venturas
passam os afãs, passam as glórias
passam os anéis, passam os dedos
passam derrotas, passam vitórias.

Ficam as flores, ficam as rosas
Ficam imunes em suas telas
ficam as manchas nas paredes
ficam nos quadros as aquarelas
fica essa eterna e ambígua luta
e a experiência dessa querela.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mentir de saudade

Pra você não vou mentir:
“Eu ainda sei mentir”.
Saudade é coisa que corrói
que machuca sem ferir.

Gritar silêncio

Uma vida desvairada
um erro belo e propício.
A rotina desregrada
de um palco de comício.
Você, entenda se puder,
Depois pense o que quiser
mas por favor, silêncio.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Azar da poesia

Procuro uma poesia
amarga como a vida
que doa quando se abre
igualmente uma ferida
como vida entediada
das que tem uma entrada
mas não tem uma saída.

Doente como um fim
vil como a esperança.
Vida que vai e não volta
acaba, não deixa herança
morre assim pelo caminho
no irônico escarninho
de quem não agüenta a dança.

Quero uma poesia ríspida
das que não fazem chorar
se alimenta no sofrimento
não pretende ajudar
que faz com que a morte
seja vista como a sorte
carregada de azar.

Sem explicações!

Não explico minha vida.
Não explico o universo.
Não explico quem eu sou
nem em que me interesso.
Não explico minha rima
nem a métrica do verso.

Somatório da noite

Somatório da noite.
De uísque foi uma dose
alguns tragos de cigarro.
No cérebro tive necrose.
A cama me deu insônia
e dessa tive overdose.