sábado, 17 de abril de 2010

Vida do bomfim

Queria ver o tempo
parado e eu dançando
metendo o pé na água
só, fugindo em bando
girando a face da terra
um sorriso de quem erra
e eu na chuva fumando.

Queria uma vida fácil
que corra sempre sozinha.
Uma vida despreocupada
como se nem fosse minha.
A vida sempre verdejante
que o vento leva adiante
como essa grama vizinha.

Queria a vida do menino
estudante do fundamental
sem problemas complexos
nenhuma confusão mental.
A vida longa dos rios
energia que corre nos fios.
Quero o colo maternal.

Quero a vida do jazigo
a vida da cova rasa
do caixão que engole corpo
do corpo que a vida vaza
vida daquele defunto
morto já de assunto
que do inferno fez sua casa.