sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Do pináculo da nuvem

Do pináculo da nuvem
Transeunte te avisto
Me abstém o pensar
Daquém perplexo assisto
Somente te ver passar
Tomando-me todo ar
Com o prazer que advém disto

As nuvens se desfalecem
O céu todo azul se faz
Caio como do sol um raio
Sem tempo d’olhar pra trás
Faço mergulho profundo
E miro só o teu mundo
Porque o meu agora jaz

Cruzo a imensidão do céu
Ultrapasso no horizonte
Ascendo um arco-íris
Me reflito numa fonte
Voando num ar bizarro
Passo por baixo d’um carro
E por cima de uma ponte

Adentr’em tua atmosfera
Em fogo vivo desfaço
Fundindo como a cera
O meu coração de aço
Que em encarnada cor
Vai sendo moldado por
Teu cinzel e mão ao maço

Orbito o pequeno corpo
Como um planeta cego
Minúcia pequena orbe
A quem defronto o ego
E não só o ego defronta
Mas o depõe por tua conta
Aos poucos a ti me entrego

Ao te olhar me confundo
Olhar dentro dos teus olhos
E não poder mergulhar
È sentir tantos abrolhos
por se reter’em se afogar
E se deter em só olhar
Este teu mar como folho

Um comentário: